O 'caso' Maitê Proença

Aqui de terras de França, tenho seguido com particular atenção os inúmeros emails que me têm chegado com o link para o vídeo da Maitê Proença.

(Recuso-me a incorporar o vídeo no meu blog mas, caso ainda haja alguém no mundo lusófono que o não tenha visto, deixo-vos o endereço: http://www.youtube.com/watch?v=1GCAnuZD7bk - copiem, que eu não quero sequer mandar o link directo a partir do meu blog.)

Fiquei desiludida, pois era uma das minhas actrizes brasileiras preferidas! É pena que a M.P. venha perpetuar o mito da brasileira boazuda mas burra! (E quanto ao boazuda, isso era há uns vinte anos - que agora, coitada, com todo o dinheiro que deve ter ganho com as novelas que os portugueses têm visto, bem que podia pagar um lifting, que aquelas rugas à volta dos lábios não são nada estéticas.)

Mas vamos ao que interesse: a falta de interesse do documentário feito pela piquena. Eu, que ciberconheço inúmeros brasileiros que muito prezo, até me admiro que o GNT passe uma peça destas. Será que há brasileiros que tenham apreciado a peça da senhora?! Dúvido.

Eu cá, quando estive no Brasil, não me passou pela cabeça filmar nenhuma peça sobre os miúdos esfomeados, e apesar de tudo, de olhar sorridente, que me pediam esferográficas e lápis ou tentavam vender umas pulseirinhas feitas de sementes, enquanto um matulão - supostamente, o "tio" - vigiava o negócio de olho atento, a 20 metros de distância.

Também não me passou pela cabeça filmar as dezenas de letreiros e reclames cheios de erros de Português. Ou as teias de aranha do complexo turístico onde estava, que era suposto ser de bom nível.

Ah... ou ainda o empregado do complexo que aceitou uma marcação para massagens e que na hora indicada deixou os clientes à espera e depois nos disse que não lhe tinha apetecido vir trabalhar naquela manhã.

Sem falar daquele casamento que vi em Arraial da Ajuda, com as boazudas muito bem vestidas e aperaltadas - e de chinelos do dedo, como se saíssem da praia. (Como se ainda não houvesse indústria do calçado!)

Claro que também não fiz nenhum documentário sobre as praias dos ricos, onde os pobres não têm acesso. Nem sobre as barracas sem reboco mas com a parabólica em cima do telhado. Ou as ruas esburacadas e poeirentas - como se ainda não tivessem descoberto que o alcatrão existe.

Dos monumentos, não posso falar. Porque entre Arraial da Ajuda e Porto Seguro, o máximo que vi foi um terreno vazio com uma cruz, onde supostamente os portugueses acostaram pela primeira vez...!!!!

Não, de facto, não fiz nenhum documentário sobre nada destas coisas. Mesmo sabendo que, aos olhos de certos europeus, o Brasil é aquele grande país subdesenvolvido. E que "brasileira" é sinónimo de travesti ou transexual.

Mas não fiz porque, num país imenso como o Brasil, sei que há milhões de quilómetros quadrados de cultura, de monumentos, de vida a descobrir. Que nem todos os brasileiros se estão nas tintas para deixar os clientes à espera de um serviço. Que certamente também há hotéis onde o pessoal - incluindo o porteiro - só pelo prazer de ajudar, se disponibiliza para tentar resolver os problemas aos quais o hotel é alheio. Que não se julga as pessoas pelos chinelos que calçam. E que não se critica a pobreza de um povo.

Mas, sobretudo, não o fiz porque tenho respeito por todos os povos, por todas as pessoas, por todas as culturas. E que tenho boa educação suficiente para não criticar os hóspedes que me recebem - seja na casa ao lado, seja num qualquer país dos antípodas.

Mas, só para terminar, deixem-me dizer-vos que a culpa de a Maitê Proença fazer este tipo de peça é nossa. Se os portugueses não tivessem ido ao Brasil, mostrar aos índios da Amazónia e zonas limítrofes que um outro mundo existia, eles ainda não teriam sequer descoberto a televisão!

Comentários

João Norte disse…
Se a Maitê Proença soubesse que na minha terra brasileira é sinal de "puta", assim com todas as letras,estava caladinha. Eu não liguei ao sururu que fizeram como não liguei à parvoíce da Maitê, no entanto, a dita deveria saber que antes de haver brasileiros, os portugueses já davam lições de cultura.
Anónimo disse…
Se os portugueses não tivessem ido até ao Brasil, quem se instalaria por lá seria o inglês, o francês, o holandês ou ainda o espanhol e assim a culpa não seria nossa. Por isso, o índio brasileiro conheceria hoje a televisão, tal como conhece o paquistanês, o senegalês, o indonésio ou o bolíviano. Fiquei no entanto fascinado por saber que em cada hotel brasileiro existe um técnico de informática. É uma boa medida para se diminuir o desemprego e proponho que Portugal a adopte, ou seja, que em cada hotel português exista um informático, mas também um psicólogo, um sociólogo, um jurista, um professor, um zoólogo, etc., que possam dar assistência na hora a mininas como a Maitê que, para mim, continua boa mesmo com rugas à volta dos lábios (consultar fotos da Playboy). Um abraço do Hernani do Luxemburgo.
Anónimo disse…
Para não dizer... "temos o que merecemos" direi que me recuso a dar tempo de antena a "m****".
Não é por nada, mas quanto mais se lhe mexe...mais ela cheira mal.

:)

Abraços.
A. Pinto Correia disse…
Ora, ora, ora...
É pá, desculpa a "senhora"; as mamas já eram logo, tem que apelar a outros métodos para vender mais uns livros e, quem sabe, ser vista em mais uns quantos teatros por aí...
Foram-se as mamas..., revela-se a besta. Não que ela já não existisse, só que antes um gajo tentava ver para lá do sutiã e da cueca, quando ela estava vestida...
ADzivo disse…
pois,pois...não havia tv, e jogavam futebol com cocos... os cocos tem que ser abertos, né?