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Será verdade?

Dantes, num tempo em que o tempo fazia pausas, e em que os momentos eram eternos, eu perguntava-te: 'Ó tia, tu és má?' Hoje, num tempo sem travões, onde nem a memória dos momentos permanece, acontece-me perguntar-me: 'E eu, serei má?'

Santo António de Alfama

Não era dia dos namorados, mas estávamos ali sentados a comer cascas de batata como se não houvesse amanhã...

Percebes

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Apetece-me percebes. Daqueles que comíamos naquele velho bar, à beira da praia. Eram talvez cinco da tarde. Uma hora perfeita para um BSE fresquinho a acompanhar uns percebes ainda com sabor a mar. A vida tinha, então, um gosto de felicidade bem temperada, um trago de aventura salgada. E de esperança. Esperança num futuro que sabíamos ser nosso. Porque sim. Porque era assim. A vida estava ali, como o mar: à nossa frente. Toda. Inteira. Hoje, apetece-me percebes. Percebes?

Escolhas e escolhos da vida

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Olá caros leitores, Não prometo que seja um regresso definitivo... mas foi uma vontade iniludível de partilhar convosco um velho texto ainda e sempre actual... Dada a proximidade do Natal, aproveito para vos desejar desde já as Boas Festas . ----------------------------------------------- ******************************* ----------------------------------------------- Escolhas e escolhos da vida Ai esta sensação fria de ser sempre diferente. Esta vontade de ser e de não ser, de estar e de não estar. E os outros que não percebem. A sensação de ser uma perda de tempo... De falar para as paredes, de discursar em vão. A minha linguagem não encontra eco neste mundo. Nasci antes do tempo e fora do espaço... E se o espaço é mutável (aliás, e se eu sou mutável no espaço), o mesmo não posso dizer quanto ao tempo. Funciono a mil à hora. E poucos, muito poucos, são aqueles que podem acompanhar-me. Daí esta sensação fria de seguir só, um caminho, sem destino certo, feito de opções a cada cruzamento

Saudades...

Tenho saudades de um cigarro e de um beijo...

Saudade

Foi a 3 de Outubro de partiste. Na minha ingenuidade, acreditava que voltarias no final do dia. Mas o dia acabou-se e tu não voltaste. A noite caiu. E eu comecei a sentir uma angústia e uma preocupação crescentes - embora na altura não soubesse ainda nomear os sentimentos que me assaltavam.  Não queria ir deitar-me sem que tu chegasses. Tinham passado o dia todo a dizer-me que não virias. Mas à hora de recolher aos lençóis e aos sonhos, tentaram convencer-me que o melhor era dormir. Que tu chegarias certamente mais tarde. Que estarias, talvez, a fazer serão. O cansaço e a angústia venceram-me. Acabei por encontrar-me com os anjos e dormir.  Não. No dia seguinte, quando a manhã me trouxe de volta ao mundo dos vivos, não tinhas voltado. Nem voltaste nesse segundo dia, nem no terceiro, nem no quarto... Passaram-se meses e meses até que tu, Pai, regressaste. Da Holanda, para onde tinhas emigrado.  Foi há exactamente 30 anos. Eu tinha três - e aprendi cedo o significado e a dor encerrados n

Estou triste...

Faleceu a mãe de uma das minhas melhores - e mais antigas - amigas...  E eu estou em França, sem poder dar-lhe um ombro onde chorar...  Força, Sandra. Amo-te.

Presente de Ano Novo: Lenda do Deserto

Este novo ano trouxe-me saudades do meu "Obi-Wan Kenubi". Chamava-se José Manuel Cabral e era umas das pessoas mais Pessoa que alguma vez conheci. Era gente-gente, gente que vive e se interroga, gente que vê mais além. Ensinou-me a ler para lá das palavras, a ver para lá dos rostos, a sentir para lá da dor. Um dia, foi chamado às estrelas que tanto amava. Chorei, é certo. Vi o fumo do seu corpor elevar-se no céu de Lisboa, mas sei que o seu "É" permanece. Deixou-nos, a todos os que o conhecíamos, uma imensa saudade. Mas também muita Força. Recordo aqui uma carta que me escreveu, em 1993, quando eu estava a estudar em França. No final, assinava assim: "Obi-Wan Kenubi voltará. No Grande Espaço, estou contigo em forma de estrela... Que a Força esteja contigo. A alegria de uma festinha... e a doçura de uma ternurinha saudosa!" É dele este conto que hoje aqui vos trago, e que espero que gostem, tanto quanto eu. É, para os meus leitores, o meu presente de Ano No

Sem título – só com dor

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Hoje, 2 de Novembro, é Dia de Finados, dia de ir aos cemitérios e de colocar flores nas campas. Não é meu hábito prestar esse tipo de homenagem. Por isso, para ti, Avó, aqui fica a minha singela homenagem. Sem título – só com dor Cascais ficara para trás. O percurso sinuoso do comboio, acariciando a Costa do Estoril, beijando as suas praias, permitia observar aquela baia azul povoada de iates e banhada de sol. Em breve é Lisboa que se avizinha, o Tejo de águas sujas que não consigo deixar de amar. Embalada pelo sincopado movimento daquele cavalo de ferro, fecho os olhos lentamente. É então que o telemóvel toca. Estas maravilhas da tecnologia que nos fazem estar contactáveis nos lugares mais inóspitos e nos momentos mais inoportunos. Porque nenhum momento é oportuno para a morte. Muito menos para a tua, Avó. Eu sei que ninguém é eterno. Sabia-te doente. Sabia que já aguentaras mais do que um dia supus que aguentasses... Mesmo assim não foi oportuno. Não foi justo. Não tinhas o direito

Parabéns, Pai!

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Ao contrário da minha ciberamiga de além-Atlântico, Ana Maria Gonçalves , eu não mantenho um Álbum de Família no meu blog. Mas isso não significa que eu não ame a minha família. Porque a amo muito. Muito mesmo! O meu Pai e o meu tio fazem hoje 60 anos. Para os gémeos, aqui fica o meu voto de Parabéns e de que esta nova etapa da vida vos corra ainda melhor e vos faça sorrir muito. Adoro-vos!

Carta nunca enviada à minha Avó

Para ti, Avó, onde quer que estejas, quando mais um ano passa sobre o dia em que te despediste de nós. Carta nunca enviada à minha Avó 96.03.31 Querida Avó! No regresso a Lisboa nesta noite lacrimejante perscrutei a escuridão como quem tenta decifrar o Desconhecido. E vinha-me à memória uma frase familiar: "Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida". No ambiente falsamente alegre há um segredo do Polichinelo guardado na sala do Barba Azul. Todos sabemos que estás sentada à espera da Morte, mas nunca se fala em tal. Só tu o referiste – muito brevemente, é certo. Diz-me, responde-me: como é a sensação de saber que nada mais resta senão a espera? Sabes que vai ser, só não sabes quando. O que sentes? Em que pensas nessas longas 24 horas diárias (poucas dedicadas ao sono) de quase total vigília? Como sentes tu o penso da Morte? Ou… a sua leveza? Preferes o silêncio, o ignorar, o tentar esquecer, ou queres falar no assunto? O que mais me magoa talvez nem seja sequer saber que vais

Ocupada..

Aos meus leitores, devo um pedido de desculpas! Há cerca de uma semana que não pu blog o nada no Esquissos! Não é por mal, nem por desinteresse e muito menos por falta de respeito para com quem me lê! É mesmo por falta de tempo... :-( A monografia que estou a escrever sobre a freguesia lisboeta de São Francisco Xavier está quase terminada mas, como se costuma dizer, "o rabo é o mais difícil de esfolar", pelo que tenho tido imenso trabalho, algum ainda de pesquisa e muito de escrita... Além disso, Agosto é tempo de férias - para alguns, pelo menos!! - pelo que no Emarketeer.net tenho tido trabalho a dobrar... De qualquer forma - e isto é uma promessa! -, a partir do início de Setembro (altura em que entrego a totalidade do original sobre São Francisco Xavier), vou escrever regularmente os meus Esquissos. Alguns deles, como já vem sendo hábito, serão repescados na gaveta dos rascunhos. Outros, sairão no momento, produto da constatação do mundo que me rodeia. Só mais umas linha